A Democracia está morta 2
Eduardo Vieira — 07/nov/2020
Ontem publiquei um texto importante no Articulação Conservadora, portal onde atuo como articulista e comentarista. O texto traz uma mensagem dura e verdadeira, explicada detalhadamente sob o título “A Democracia está morta”.
Mas cabe aqui elaborar sobre alguns aspectos dessa mensagem que é por demais complexa e eu mesmo estou ainda processando o teor dessa visão, que não se apresentou ontem para mim mas já vem ganhando corpo e forma há meses. Evidentemente não trilhei esse caminho sozinho e foram muitos os gênios nos quais me inspirei e de onde pesquei pedaços de idéias e conexões que fizeram sentido ao meu pensamento. A essas influências, o meu muito obrigado.
Em primeiro lugar, “A Democracia está morta” não é uma declaração de desistência, de forma alguma. É a constatação de uma verdade e tenho a certeza de que olhar a verdade de frente, por mais aterradora que seja, é sempre o melhor caminho. Vou tentar esclarecer melhor isso.
Passamos toda a nossa juventude como cidadãos aprendendo o valor da democracia e das instituições. Como conservadores, aprendemos o horror revolucionário e a incongruência de se destruir o que foi construído em milhares de anos para se instalar uma visão romântica, usualmente utópica e raramente testada em seu lugar. E, diga-se, quando testada tendo produzido resultados bárbaros, tenebrosos e realmente desumanos.
Mas então vamos olhar de perto o que houve com o que prezamos como instituições. Essa avaliação é simplesmente fundamental. Aqui falo do Ocidente, não apenas do Brasil.
O sistema de ensino foi majoritariamente dominado pelo pensamento revolucionário, que não permite mais a discussão de idéias, persegue o pensamento divergente e literalmente engessa a capacidade crítica dos alunos. Fazem tudo isso declarando fazer o extremo oposto. É preciso separar a retórica mentirosa da prática. Pela primeira vez na Era Moderna o QI da nossa civilização deve descrescer ao invés de seguir a tendência de crescimento. Isso é facilmente observável na prática entre os jovens.
O sistema cultural foi igualmente sequestrado. Desde celebrações tradicionais como “dia das mães” até eventos da cultura moderna como “Black friday” vem sendo corrompidos de forma inclemente por uma horda tão sedenta de sangue quanto analfabeta de patrulheiros do politicamente correto. Isso ocorre há décadas sob o beneplácito da sociedade mais acomodada que já caminhou (com relutância) sobre a superfície da Terra.
O mundo das artes foi destruído de forma similar. Babuínos em museus aplaudem Abaporus e mulheres de bigode, torcendo os focinhos para o Belo. Instalações ridículas são vendidas por milhões de dólares e críticos com intelecto abaixo da crítica tem espaço inversamente proporcional à sua capacidade. O feio, o constrangedor, o sujo é o que o extrato de chorume que é a “elite artística” do mundo de merchants e lacradores aplaude e valoriza. A degradação se estende ao teatro, à música, enfim, a todos os aspectos da arte.
Na arquitetura vemos o mesmo. Colossos obscenos de vidro, monstruosidades alienígenas e horrorosas agridem a natureza humana e mesmo terrestre, sob os aplausos bovinos de quem ali adiante dirá amar as árvores e a empatia com os humanos. Todo esse bolo de incoerência e mentira não poderia existir sem a destruição intelectual descrita no início dessa triste lista.
Socialmente o resultado disso tudo é catastrófico. O mesmo imbecil que reclama da “polarização” faz vista grossa para a perseguição comercial a quem pensa de forma conservadora ou apenas diferente. Sob a alegação ultrajante de que “a empresa demite quem ela quiser” os débeis mentais ignoram o trem que corre na direção deles, apreciando que o trilho no qual pisam foi feito sem dinheiro público. E nem isso é verdade.
Na instituição democrática mais importante de todas, a Justiça, o mesmo ocorre. Aqui temos ainda grande diferença entre diversos países mas o processo avança em todos, inexoravelmente. Pois começa nas universidades de Direito.
Para haver sociedade funcional é preciso haver certa concordância de princípios fundamentais. Essa concordância de conceitos, essa similaridade de pensamento básico é o que forma o tecido social. Sem isso a sociedade se desfaz, simplesmente, em tribos bárbaras agindo com violência umas contra as outras. Isso é fato e não teoria.
E o que seriam antifas e Black Lives Matter senão antecipações desse terror?
Quando chegamos, após todo esse quadro terrível mas verdadeiro, às eleições, a coisa se revela na prática. No Brasil tivemos fraude quase certamente, movendo o pleito para um segundo turno provavelmente desnecessário. Nos EUA estamos assistindo horrorizados ao maior espetáculo prático da dissolução do tecido social da história da Humanidade. Não exagero em nada quando declaro isso. Vejam aqui:
Os eventos de fraude nas eleições de 2020 foram milhares, muitos documentados em vídeo. Várias prisões foram efetuadas e várias denúncias publicadas, diversas realizadas por membros do partido fraudador, o Democrata. Esses membros tem a perfeita noção de que o fim não pode justificar os meios e que Saul Alinsky era acima de tudo um canalha desprezível. Genial mas pérfido e desumano.
Mas esse conceito elevado de preservação da sociedade honesta não atingiu dezenas de milhares de cidadãos da maior democracia do planeta. De carteiros a juízes e policiais observamos que os fundamentos do caráter civilizacional sumiu das almas de parte da sociedade. E por quê?
Teríamos que voltar ao Iluminismo, ã Revolução Francesa, À Reforma, para explicar esse processo. Agora ele já aconteceu, está consumado. Tratou-se da dissipação do transcendental na alma do Ocidente.
Eu disse no texto que citei e repito agora pois é a mensagem mais importante de todas. Sem o Cristianismo real, transcendente, superior e miraculoso, não pode haver democracia. Pois não se combate todo esse Mal que descrevi acima com palestras sobre gestão robusta.
Nem pode ser esse Mal considerado como uma sequência natural de aumento da liberdade ou o resultado inescapável de uma miríade de estímulos e conexões caóticas sem direcionamento. Se fosse assim, teríamos diversidade. Teríamos formatos diversos nos campos que citei.
A uniformidade em tudo o que descrevi aponta indelevelmente para uma arquitetura centralizada. A Arquitetura do Mal. Estou falando, permitam-me deixar tão explícito quanto claro, de demônios.
Se você riu aqui, ou se o perdi por trazer o óbvio transcendental para o campo da realidade prática, só posso lamentar por sua formação deficiente. Volte mais tarde, se puder.
Disse Voegelin, e disse de novo Flavio Gordon:
“Não se pode enfrentar uma força satânica apenas com humanismo e moralidade”
Se as nossas instituições estão irremediavelmente corrompidas, como expús acima, se a ação criminosa, maléfica e destrutiva persiste em tantas áreas, seria razoável pretender virar esse jogo operando dentro do sistema?
Será que o meu pequeno curso sobre o Ocidente, com 350 alunos, fará frente às mentiras de History Channels e de boa parte de Hollywood?
A resposta, evidentemente, é não. O caminho é outro. O primeiro passo desse caminho é aceitar a verdade terrível que apresentei acima.
Tendo digerido tudo isso é preciso se pensar numa mudança de paradigma, numa entrada, digamos assim, num “estado de emergência”.
Ou combatemos toda essa máquina como se lutássemos numa guerra efetiva e real ou assistiremos à dolorosa derrocada do Ocidente na barbárie tão desejada por Michel Foucault.