A Glória do Showbiz
(Eduardo Vieira — 14/ago/2022)
O glorioso dia nessa indústria cheia de glamour começou precisamente à meia-noite. Quando o sábado se iniciava em sua madrugada e milhares de jovens se aglomeravam em bares de Botafogo o glamuroso artista chacoalhava no Uber para a chegada no ponto do Buser, de onde partiria para SP.
Nosso artista já estava em plena atividade naquela noite, tendo participado de uma reunião política de apresentação da candidatura do Alexandre Ramagen, na casa do querido Roberto Motta, que me deu ainda diversos conselhos e orientações sobre como fazer o espetáculo nascer e ganhar corpo. Um exemplo de generosidade.
A perspectiva para o sábado era de casa vazia, zero ingressos vendidos em todas as plataformas. A glamurosa viagem de ônibus terminou de manhã cedinho na Estação Barra Funda, de onde o artista se dirigiu, de metrô, até o Sumaré. Dali um Uber até a chegada na Padaria Real, onde o esperava um belíssimo café-da-manhã, cheio de hífens e outras guloseimas.
O sofisticado ator então abriu seu notebook e entre um gole de café e outro, editou um vídeo de combate aéreo que iria aparecer no espetáculo daquela tarde. A edição trouxe um pouco mais de dinamismo ao combate mostrado e melhoraria a percepção do conjunto em 2 ou 3%. Mas a vida é feita de detalhes, não é mesmo?
Aquele mesmo notebook serviu para a participação na live do canal Todo Poder Emana do Povo, onde o caro Alan Lopes gentilmente cedeu um grande espaço para propaganda do espetáculo e do meu trabalho de forma geral.
Depois fui com a produtora do espetáculo, Alana Figueiredo, que por sua vez já tinha feito a igualmente glamurosa viagem de ônibus de São José dos Campos a São Paulo, de madrugada, para iniciarmos cedo os trabalhos, para o teatro.
Neste templo da diversão que é o teatro, testamos um dos dispositivos usados na apresentação e depois eu vesti o figurino do cavaleiro medieval para mais uma missão glamurosa. Fomos panfletar na frente do Shopping West Plaza. Até que foi bem legal, tanto a interação com o público como a receptividade deste. Encerrada essa tarefa, era hora de almoçar. De volta à padoca, que é como os paulistas chamam a padaria.
E olhem que a padaria estava lotada. Aproveitamos para distribuir mais alguns panfletos e não deu tempo de almoçar. Voltamos para o teatro de barriga vazia para o espetáculo das 16:00, sem saber se teríamos público.
Tudo montado e pronto, recebemos a notícia de que tínhamos um adulto e duas crianças com ingressos. Fui perguntado se faríamos o espetáculo e a resposta veio célere, depois de uma rápida contemplação de tantas e tão belas histórias de dedicação ao trabalho artístico, em tantas esferas e épocas. Mas claro que teremos espetáculo! E fomos premiados com mais um espectador de última hora. Seriam quatro no total.
Bem, o que posso dizer desse espetáculo? Havia ali uma encruzilhada onde a decisão era óbvia. Aliás de fato sequer havia encruzilhada. A única opção possível seria fazer aqueles quatro se divertirem como nunca e aproveitar para me divertir no processo. E foi isso que ocorreu. Felipe, Bento e Gabriel se esculhambaram de rir. Creio até que o pai foi quem se divertiu mais. O quarto espectador se chamava Átilas e seu nome me chamou à atenção.
Enquanto as crianças se revezavam no palco, com convocações sempre engraçadas, os adultos riam das próprias crianças e se lembravam de detalhes esquecidos da nossa rica cultura.
Ao término da apresentação recebemos entusiásticos aplausos e todos ficaram felizes. O espetáculo funcionava mesmo com público reduzidíssimo. O conteúdo era bom mesmo. Caiu o pano, corri para trocar de roupa e consegui alcançar o Átilas ainda no teatro. Aquele nome me lembrava do caro Átilas Marinho, meu amigo de Facebook de muito tempo. E era ele mesmo! Pude cumprimentá-lo e quero aqui agradecer especialmente por ter ido lá, numa tão grande demonstração de apoio, uma enorme gentileza. Ficará na minha lembrança para sempre.
Quanto ao Felipe, pai do Bento e do Gabriel, espero que guarde boas lembranças do dia em que um teatro abriu praticamente só para os seus filhos. Ele veio por conta da panfletagem antes do almoço que não ocorreu, na padaria.
O mundo é cheio de surpresas e de beleza, é incrível. E hoje, em nome do glamour da vida artística, estamos longe de pais e filhas, para mais uma vez encantar nosso público, seja ele de duas crianças ou de 200 pessoas, com a história, a ciência, o heroísmo, a estética e a poesia da nossa querida, preciosa e frágil civilização. Em nome de Deus.
O show deve sempre continuar.