Computadores e liberdade
(Eduardo Vieira — 13/jun/2023)
Estes dias fechei um ciclo com um aluno de programação e é uma história interessante. Ele é um sujeito esforçadíssimo, sem boas condições financeiras e pensou em aprender programação como forma de melhorar as finanças e o restante por tabela. De fato, é a carreria ideal para isso, uma vez que o investimento inicial é praticamente só tempo e o caminho para o autodidatismo é totalmente recheado de documentação e auxílios diversos. Mas onde achar isso? Qual o melhor caminho? O que é básico, o que é muito útil e o que não vale o esforço?
Quando ele me procurou já estava fazendo um curso online dos mais mequetrefes, daqueles que te enchem a bola enquanto fazem um conteúdo que poderia ser passado numa aula durar dez. E, para piorar, começa por “programação” HTML. Que é mais um protocolo de formatação que uma linguagem. Dei a ele boas e más notícias. A má é que ele tinha jogado dinheiro fora no curso. A boa é que eu ensinaria o que ele precisava saber.
Resultado, começamos no papel fazendo contas com pseudo-código e logo estávamos replicando a lógica no Scratch, ferramenta excelente do MIT. Mais um pouco e fizemos um jogo completo, quando meu aluno viu com clareza como toda a gigantesca estrutura de computação se baseia ultimamente em pouquíssimos e simplérrimos comandos. Todo o resto são camadas de abstração.
Terminando o jogo, “O Ataque dos Bolos Assassinos”, fomos para a linguagem Python e diria que avançamos mais na última aula apenas que em dois meses da arapuca online. Meu aluno já está caminhando com os próprios pés e tem diante de si vasto material de aprendizado e investigação. Mais algumas aulas e serei necessário apenas para direcioná-lo em caminhos específicos, como banco de dados, computação em nuvem, etc.
Com menos de dez aulas ele está plantado numa base firme, de onde poderá decolar para um futuro muito melhor e muito mais livre. Agora pretendo passar esse conteúdo para meu canal do Youtube e disseminar esse conhecimento para quem precisar e não quiser se estrepar em armadilhas sinistras.
São pequenos blocos que ainda formarão a base do que nos orgulharemos um dia de chamar de Brasil.
(*) — Na foto, um trecho do programa no Scratch.