O caso do beijo na revista

Eduardo Vieira
2 min readSep 8, 2019

--

Avaliando os posicionamentos sobre a questão da revista da Marvel com o relacionamento gay eu percebo alguns pontos que ilustram muito bem porque devemos comemorar hoje a vitória de um conservador nas eleições.

Descontando a ação do prefeito, falando estritamente da questão da publicação e da forma como foi apresentada eu vi diversos argumentos.

Um deles é o de que um beijo gay é como qualquer outro. Bem, não é, lamento informar. Por lógica, declarar que um beijo gay é igual ao beijo de um casal hétero é declarar que um homem gay é igual a uma mulher, o que evidentemente não é. Para os analfabetos que eventualmente visitam as minhas postagens, isso não significa nenhum desrespeito, é a mera constatação de um fato vital.

O assustador é que hoje escrever essa obviedade gere um certo receio. Completando, é claro que qualquer par gay é merecedor de respeito e consideração, assim como qualquer cidadão que aja dentro da lei.

Outro argumento errado é o de que as crianças já sabem de tudo mesmo, então não adianta proibir nada. Basta levar essa falácia ao extremo para vermos que não se sustenta. Sim, o esforço para se adequar conteúdos para crianças é constante e importante. Se um pai, contudo, quiser comprar a revista e fazer com ela o que quiser com seu filho, ele pode, até certo ponto. Restringir acesso a conteúdo é coisa que todo pai faz o tempo todo.

Vi também o argumento de que um beijo gay não é nada demais, uma bobagem. Não se deveria dar atenção a isso. Aqui vale comentar que essa pressão por incluir conteúdo homossexual e até trans seja na Disney ou na Marvel faz parte da ponta-de-lança do ativismo LGBT que não luta por direitos para os gays. Luta pela normatização da coisa, o que é muito diferente. E evidentemente nocivo. Portanto, um erro comum demais na abordagem liberal (com exceções sempre) é avaliar o livro pela capa ignorando as correntes e ações ideológicas que movem os fatos.

Dessa forma o liberal está sempre disposto a entregar o jogo para o progressista que agradece penhorado enquanto tenta destruir a sociedade onde o liberal vive. Devia ter um monte de liberais em Cuba, antes da Revolução.

Finalmente explico que é muito tentadora a posição liberal. Mais apelo aos jovens, mais fácil de pegar as menininhas sem precisar se afundar no marxismo, etc. Entre os adultos é muito mais confortável também pois trata-se de uma posição defensável por lógica básica. E se evita ser chamado de medieval, reacionário, carola, entre outros adjetivos com que a sociedade, ingrata e cega, chama os que mais a defendem.

A vida é assim mesmo, cruel. :) Descanso só na Casa do Senhor.

--

--

Eduardo Vieira
Eduardo Vieira

Responses (1)