O futuro pós-fralda

Eduardo Vieira
3 min readJan 20, 2023

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(Eduardo Vieira — 20/jan/2023)

O Brasil se rendeu ao totalitarismo. Essa é, infelizmente, a verdade. E ainda se orgulha disso. Há pouco tempo fiz uma breve postagem reclamando da omissão de um deputado federal ao se manifestar na TV de outro país. Ele simplesmente nada falou sobre o uso de fraldas nas eleições brasileiras. Tampouco citou que evidentemente não foram as senhorinhas do zap que quebraram coisas em Brasília. Nem patriotas pois esses vem mostrando há anos o caráter pacífico das manifestações.

Muita gente concordou com a minha crítica mas tem sempre aquele que defende o infrator. Vou tratar aqui de um dos pseudo-argumentos oferecidos, que ilustra o ponto dessa postagem:

“Se ele falar vai preso”.

Bom, para um sistema totalitário sobreviver com poucos problemas é necessário que haja um teatro democrático que convença a população. Se o nosso povo perceber o nível do problema em que estamos metidos talvez a coisa fique menos confortável para os bandidos deste país. Ora, esse teatro se faz justamente com gente que se declarou de direita se calando espontaneamente por medo de perder mandato ou de ser presa. Vou mostrar aqui um cenário alternativo.

Imaginem que todos os deputados de direita, algo em torno de 20 ou 30, resolvessem botar a boca no trombone sobre as fraldas e sobre as ações ilegais de encarceramentos recentes. E que o sistema viesse em cima deles para os punir, cassando os mandatos. Teríamos a base “conservadora” removida autoritariamente. Teríamos nesse caso uma claríssima exposição da realidade para todo o mundo ver. Não se pode camuflar tamanha perseguição.

Mas a verdade é que essa turma pouco falou das tais fraldas ano passado. E pouco ou nada falam do cárcere deste ano. Aí vem o sabichão e solta a seguinte pérola:

“Mas ao menos conseguimos manter essa turma atuando a nosso favor.”

Será mesmo que o resultado prático dessa atuação nos favorece? Essa turma conseguiu impedir os abusos da esquerda nos últimos 4 anos? Essa turma conseguiu impedir que o atual presidente trocasse mais de 10 chefias da Polícia Federal por razões de alinhamento? Essa turma conseguiu garantir que o presidente anterior trocasse UMA única chefia?

A política aqui sempre foi algo teatral. Nossa democracia é uma fábula bizarra. E toda essa turma, calando-se com “prudência”, está simplesmente legitimando o negócio todo.

Já estamos vendo os analistas analisando as movimentações em Brasília como se normal tudo isso fosse. Muitos memes ridicularizando o projeto de 5 milhões de uma figura sem nenhum talento artístico. Mas enquanto os memes circulam a figura embolsa tranquila o dinheiro e o usa para injetar mais porcaria nas mentes de nosso povo. Mas o meme está lá, vencendo os moinhos de vento.

Como o consumidor de crack, nossa direita irá agora buscar suas doses de euforia no teatro político, fazendo campanha para Marinhos, votando contra projetos de lei draconianos, na ilusão de estar participando de um processo democrático. Enquanto isso a corda seguirá se apertando no pescoço do povo que seguirá cada vez mais indefeso.

Agora é a hora do leitor reclamar pois estou criticando sem oferecer nada positivo em troca. Qual seria então a solução? Bem, só se pode sonhar em resolver um problema se houver a possibilidade de enunciá-lo e a coragem de encará-lo. O primeiro passo é aceitar a realidade do teatro que nos está sendo imposto. Agora, como se contrapor a isso?

Eu recomendo duas linhas paralelas de ação.

A primeira, cultural. É preciso ler, estudar, trocar idéias com gente boa e amadurecer na busca pela Verdade. Sem isso a direita seguirá caindo no conto de Frazões e similares. E não avançará.

A segunda é social. É preciso que os mais animados organizem pequenos grupos locais de ação política e cultural. Esses grupos servirão adiante para protestos definidos, para manifestações maiores e para o ações econômicas fundamentais como boicotes de empresas e indivíduos.

Se fizermos essas duas com afinco teremos resultados já este ano. Mas tais resultados não seriam capazes de rapidamente resolver o nosso problema. Esse problema chama-se ditadura e disso não se escapa com facilidade, jamais. Portanto, é preciso resiliência e força.

Os tempos próximos serão os mais duros das últimas décadas. Mas se neste tempo a direita parar de olhar para a esquerda, para as intituições corrompidas e realmente trabalhar para o fortalecimento interno iremos prevalecer. Com a graça de Deus.

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Eduardo Vieira
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