O Rato no Buraco
Hoje, num túnel qualquer na Síria…
- “Ahmed, ilumina essa fechadura aqui, rápido”
- “Pai, eu sou o Mohamed. Sempre isso!”
- “Aff, foi mal, garoto. Já explodi mais de 30 filhos, é difícil gravar quem é quem. Isso, deixa eu abrir aqui.”
…Clic
- “Pronto. Vamos seguir por esse túnel e escaparemos dos imperialistas estadunidenses do mal.”
- “Quer que eu grave para publicar no Insta? Esse é capaz de aparecer na Al-Jazeera. Essa câmera nova do iPhone XI faz milagres com pouca luz.”
- “Grave, grave! Vamos indo.”
<Ratatatatá.. Bum!>
- “AAAAAAAAi. São eles, estão perto. Allah me salve! Minha cabritinha querida que não te vejo mais. Corre, corre.”
- “Que isso, pai, que voz fina é essa?”
- “Agora já era, filho. Passei 50 anos disfarçando, cansei, que se d-a-n-e. Corre, corre que eles estão chegando! Uiuiui.”
- “Pai, esse túnel não tem saída, você errou a bifurcação lá atrás.”
- “Porra, Mohamed, e só agora você me avisa?”
- “Sou o Ahmed, pai. E eu te avisei mas você estava gritando sobre uma cabrita com a voz da Cindy Lauper.”
- “Cabrita com a voz da minha deusa?”
- “Não a cabrita, pai. Era a sua voz..”
<Cablam!> A última porta caiu.
- “Filho, aperta esse botão vermelho aí.
Malditooos!! Bofes! Allahu Akbar! Aaaaaaai. Uuuuuui.”
- “Ahmed, o pai engoliu uma cacatua?”
- “Peraí que o botão tá meio preso aqui. Tem que forçar… Aliás, para que serve esse botão?”
BUUUUUM
(Eduardo Vieira — 27/out/2019)