Quem está no seu altar?

Eduardo Vieira
4 min readJul 11, 2023

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(Eduardo Vieira — 10/jul/2023)

No meio de vários twits e textos comentando nossa realidade política atual, tornada complicadíssima pelos que fazem de tudo para não enxergar nenhum aspecto estrutural mas apenas a espuma da rebentação, li um que me fez realmente pensar: “Estou cansada de tantas decepções”.

Tenho lido esse tipo de desabafo com frequência e me apiedo verdadeiramente pois trata-se de uma situação de fato dolorosa. A pessoa erra na origem de suas ações e vai sempre voltar ao mesmo ponto de partida. Há que se entender a origem desse problema para que se possa mudar de rumo e parar com esse ciclo aparentemente inexplicável de decepções.

No cerne desse problema está a questão de profundidade intelectual. É um problema que tem que ser atacado por todos nós mas usualmente é jogado para debaixo do tapete. Como avaliar a realidade quando não se bebeu de densas fontes dessa mesma realidade? Observe-se que estamos no mesmo mundo de sempre, vivendo as mesmas questões de sempre, num repetitivo emaranhado de milênios. Não aprender com quem foi grande e viveu tudo isso ao extremo é um grande erro.

Vale ponderar que não estou pregando o empenho na pesquisa do pensamento filosófico necessariamente. Pode-se enriquecer bastante o repertório mental de uma pessoa apenas lendo regularmente (continuamente) os clássicos da literatura. Histórias, romances e dramas que nos colocam em todas as situações da existência humana e portanto social e que nos explicam a profundidade e complexidade das relações do homem em suas diversas esferas.

Esta esfera é mais elevada do que a anterior, que consiste numa leitura rasa dos meros fatos do dia-a-dia, tomados de forma desconexa das estruturas de pensamento que os geraram. Mas há uma esfera superior.

A maioria dos brasileiros, infelizmente, na prática colocou o dinheiro no altar de suas casas. É triste dizer isso, é duríssimo admitir isso em sua própria casa mas é a mais pura verdade ainda que tal processo não esteja 100% consumado.

Deus ficou num terceiro ou quarto lugar, no máximo.

Eu não imagino como deve ser árida a busca pela verdade de quem já abandonou o elemento principal dessa jornada em seu próprio domicílio. Como chegar ao caminho, no escuro, quando se sopra a vela sempre que ela se acende? E o pior é que a vela sempre torna a teimosamente se acender, de novo e de novo, porque Deus jamais desiste de cada um de nós. O chamado está sempre presente, sempre carinhoso, sempre amoroso, sempre caridoso. Deus quer você lá debaixo do Seu braço. Mas você insiste em fingir que não vê.

O primeiro passo numa jornada pela descoberta da Verdade deve ser olhar de frente para Deus. Mesmo que você seja um ateu, você deve se expor a esse grande confronto, a esse grande teste, e fazer uma sincera investigação intelectual a respeito d’Ele.

Tal situação tem lógica. Se Ele fosse real, seria uma barbaridade ignorá-Lo. Se a cosmovisão cristã for de verdade e não uma estranha alegoria, pode-se estar arriscando uma eternidade de sofrimento por se recusar a aceitar ou entender as regras do jogo. Não há dúvida de que uma investigação cuidadosa é no mínimo justificada. Mas na verdade, é urgente, sempre.

Recolocando Deus no seu altar a vida de qualquer um pode sofrer oscilações financeiras, sem dúvida. Deus pouco se importa com sua conta bancária, isso é bem garantido. Todavia, o ingresso numa comunidade sincera, caridosa e realmente benigna pode trazer verdadeiras maravilhas.

E a Verdade? Ah, chegar mais perto dela é uma maravilha verdadeira. Entender o que é esse caminho que chamamos de vida é uma tremenda benção pois o intelecto dedicado à essa investigação chegará, seguramente, ao Amor.

E então, a espiral divina começa a atuar com força, verdade e amor, santidade e sacrifício, alegria e enfim a real liberdade dos que olham o mundo sem a maioria dos véus que o encobrem.

Como não desejar esse caminho para todos? Infelizmente não é uma resposta imediata, não é uma solução mágica. Mas é uma resposta verdadeira. Os que trilharem essa senda deixarão de repetir seus erros e se verão, num futuro menos longínquo que possa parecer, muito mais capazes de apreciar toda a beleza dessa incrível Criação, que certamente transcende em muito a pequenez do momento político temporal.

E então, evidentemente, abandonarão o péssimo hábito de colocar suas maiores expectativas num agente político de um sistema nefasto. Isso não poderia jamais dar certo.

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Eduardo Vieira
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