Tratamento do vírus chinês

Eduardo Vieira
4 min readMar 25, 2020

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(Eduardo Vieira — 25/mar/2020)

Estes dias entrevistei dois especialistas. O biólogo Marcelo Hermes Lima, em Brasília, especializado em microbiologia e o médico anestesista Luciano Azevedo, que atua em UTIs em casos do vírus, em Campinas.

Busquei entender a real eficácia da Hidroxicloroquina e seu funcionamento, bem como avaliar o impacto que o uso desse medicamento pode causar no combate à epidemia.

DIFERENÇA ENTRE CIÊNCIA E MEDICINA

Em primeiro lugar é necessário entender que medicina e ciência são coisas diferentes. A primeira se apóia na segunda mas não de forma absoluta.

No caso dessa epidemia estamos trocando o pneu do carro em movimento. Os médicos estão na linha de frente tentando de tudo para salvar seus pacientes e nem sempre é possível aguardar a elaboração de um artigo científico, com comitê de ética e revisão dos pares. Portanto o que será explanado aqui é a visão médica prática e não a visão científica. Nem por isso a informação é menos relevante ou confiável.

EFEITO PRÁTICO DO TRATAMENTO

Vamos então para a realidade. O efeito prático no uso desse tratamento para pacientes graves sem co-morbidades (outras doenças presentes no organismo) é uma redução MÉDIA de mais de 50% no tempo de permanência em UTI.

Traduzindo, um paciente fica em média 21 dias na UTI. Fazendo uso desse tratamento esse tempo se reduz para 9 dias. Isso impacta diretamente na sobrecarga do sistema médico.

Atualmente o tratamento é usado com frequência em pacientes com poucos sintomas ou com perda de olfato. Esta é, curiosamente, uma forma bem usada de se detectar alta carga viral pois é um efeito comum. Pacientes com essas características tem a redução da carga viral após cinco dias de tratamento.

Portanto nos EUA o tratamento tem sido de cinco dias. Na Itália o tratamento tem sido feito por dez dias por garantia.

No Brasil o tratamento ainda é visto com ressalvas, estando muitos médicos receosos de responsabilização por não haver um protocolo oficial. Esperemos que isso evolua rápido.

O TRATAMENTO

Para pacientes com sintomas leves ou médios a hidroxicloroquina é ministrada em conjunto com um antibiótico, usualmente a azitromicina, e zinco. O zinco facilita a absorção da substância pelo organismo.

Essa droga funciona atuando contra o processo de replicação do vírus. Um vírus vence o sistema de defesa por quantidade, sobrecarregando o sistema.

É como um jogo de futebol americano. Um zagueiro gigante (anticorpo) achataria um corredor (vírus) no mano a mano. Mas se tiver 5 corredores para um zagueiro este só pega um e os demais passam, gerando novas replicações.

Para se replicar, imagine que o vírus tem a chave de abertura da porta das células. Ele abre a porta e usa o conteúdo para gerar cinco cópias dele, danificando ou destruindo a célula. O medicamento instala uma tranca extra e o vírus só destranca a porta mas não consegue entrar. Sem os recursos da célula ele não se replica e morre por idade ou é enfim alcançado por um zagueiro furioso.

Nos casos mais graves é acrescido um retroviral como os usados no tratamento de AIDS.

REDUÇÃO DE CARGA VIRAL

Um aspecto pouco comentado e vital é a questão da carga viral. No exemplo do futebol americano a carga viral são os corredores atacantes. Quanto maior a carga viral num paciente maior será o risco dele contagiar outros.

Com esse tratamento mesmo os pacientes com sintomas leves, que podem estar com carga viral elevada, tem a mesma reduzida tremendamente a partir do quinto dia de tratamento. Isso vai gerar redução na velocidade do contágio.

É baseado nesses efeitos que os EUA iniciaram a redução da quarentena e esses dados estão sendo passados ao governo brasileiro.

EFEITOS COLATERAIS

A hidroxicloroquina apresenta como efeitos colaterais náuseas, vômito e diarréia.

Estão divulgando risco de cegueira, coisa totalmente absurda. O risco para o sistema visual ou auditivo se dá apenas em tratamentos crônicos onde a dose utilizada é o dobro ou o triplo da dosagem recomendada contra o vírus, que é de 400mg/dia.

EFEITOS DE PREVENÇÃO

Isso é importante. Não há qualquer indicação de efeito profilático (preventivo) nesse tratamento. Comprar esses remédios na farmácia e se automedicar só fará mal à saúde e muito mal àqueles que dependem dessas medicações para uso contínuo, como os portadores de lúpus ou artrite reumatóide.

Seja humano e racional e não esvazie as farmácias inutilmente

E OS IDOSOS E DEMAIS GRUPOS DE RISCO

Para esses nada muda. Devem se manter isolados, bem alimentados e atentos.

ESPERANÇA

O importante neste caso é olharmos a situação com esperança. Os resultados que citei são verdadeiros e o uso desse tratamento está sendo cada vez mais comum e portanto cada vez mais acertado e eficaz.

Os resultados nas curvas de mortalidade já aparecem e é exatamente por isso que os EUA estão mudando a indicação para quarentena vertical.

Veremos nos próximos dias uma redução cada vez maior no número bruto de mortes, por conta da disseminação e melhoria da eficácia do tratamento.

Essa é uma crise que se combate com a verdade, com coragem e com esperança. O pânico só serve ao caos e à destruição.

Sigamos respeitando as diretrizes do Ministério de Saúde.

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Eduardo Vieira
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